quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O Discípulo e o Templo




Takaurana viajava para o templo todos os dias buscando o ensinamento do Mais Alto, o dos Buddhas, aqueles que despertaram. Notava que toda vez que viajava, sempre percebia que um homem ficava fitando-o demorosamente, até que Takaurana tenha saído do seu campo de visão. Isso o intrigava, mas nada ele fazia para saber o motivo.
Num dado dia, a carroça que Takaurana viajava quebrou no eixo, que seria de difícil concerto para o lugar e momento. O jovem monge começou a ficar com medo, de não cumprir com sua rotina diária de adoração ao Buddha. Quando finalmente se controlou, o jovem monge foi buscar ajuda nas redondezas, até se encontrar com o tal homem. Takaurana hesitou, mas depois de perceber que ele estava sendo preconceituoso, pediu ajuda à aquele homem mal encarado. Este homem lhe disse: “Posso ajuda-lo, já fui um bom carpinteiro e tenho as ferramentas necessárias. Porém, você terá que me recompensar com um favor, terá que curar minha esposa”. O jovem monge hesitou novamente, mas dado à situação, ele aceitou a proposta. O Homem mandou entrar na casa dele, que ficava à alguns minutos de caminhada mata adentro, local ainda mais malcheiroso que aquele homem. Ele pegou suas ferramentas e apontou o quarto onde sua esposa estava adoecida, para que Takaurana fosse curá-la. O jovem monge se deparou com uma mulher mal-nutrida, muito magra e bastante suja, provavelmente não tomava um banho a semanas. A Mulher apresentava febre alta e um grande ferimento no braço esquerdo, que estava bastante inflamado. Buscando agua limpa na fonte, Takaurana começou á banhar a mulher, limpar seu ferimento e limpar sua cama. Então, depois de feito tudo isso se colocou a limpar a casa como um todo. Só depois de cuidar a higiene, Takaurana começou a cuidar do ferimento da mulher. Cuidou com ervas curativas e fez infusão com agua morna na testa da mulher, para baixar a febre. Alimentou a mulher com uma sopa bem leve, a mesma que sua mãe o alimentava quando adoecia. Quando notou, era fitado pelo homem que julgava horroroso. “Sua carroça já está pronta. Acho que você cumpriu com sua parte no trato, pode ir embora”. Mas Takaurana não quis ir embora, ele se emocionou com o caso da mulher e se propôs a curá-la efetivamente. Notou que já anoitecia e disse ao homem que voltaria no outro dia com mais remédios, comida e roupas de cama limpas. Disse também para o homem tomar um banho e manter a limpeza da casa. “Pode me chamar de Tézir” disse o homem malcheiroso.

E assim Takaurana fez por várias semanas, trazia remédios, alimento, cuidava da mulher e ensinava a Tézir como cuidar dele, de sua casa e de sua propriedade. Até que uma bela manhã de começo de primavera, a mulher despertou, totalmente curada. Takaurana se sentiu pleno de alegria nesse dia, assim como Tézir, que confessou que ia enterrar sua mulher, pois pensava que ela estava morta. Takaurana abraçou seus dois novos amigos, pleno de felicidade, disse adeus para os dois, na sua carroça concertada. Quando se colocou a caminho do templo novamente, foi tomado por um trágico pensamento, fazia dois meses que ele não comparecia ao templo.

Como pode, Takaurana viajou o mais rápido possível ao templo, afim de conversar com seu Mestre. Quando chegou, seu Mestre o aguardava na entrada do templo. “Perdoe-me, Nobre Mestre” disse tristemente Takaurana, ajoelhando aos pés do Mestre. "Tenho faltado aos ensinamentos de Buddha, não sou mais digno de estar na sua presença”. “De que estás falando?” respondeu o Mestre; “Não tenho ouvido seus ensinamentos” disse o espantado Takaurana. O Mestre o levantou, fitou bem nos seus olhos e disse com voz calma: “Mas você teve o maior dos Ensinamentos, o da Caridade e da Fé. Uma fé sem ações é uma fé morta, e aquele que não pratica a caridade, não ama a si mesmo. Você é mais digno agora que antes”.
Então Takaurana entendeu, quando não negou ajuda àquela família, que estava ajudando a si mesmo, a encontrar sua própria Sabedoria, limpando seus próprios ferimentos e limpando sua casa.

“Não é Verdadeiro, o ensinamento que não é Sábio. Sabedoria, sem prática, não passa de mero conhecimento”.
Luz e Paz, Amor e Honra.
Anjo.

Um comentário:

E.I.R. disse...

Adorei esta mensagem. Quem compreendê-la em verdade irá beber de um dos grandes ensinamentos de muitos dos maiores sábios imortais.

Paz, Luz, Vida e Amor.

Fraternalmente,

Hórus