terça-feira, 23 de março de 2010

Takaurana e a Viajem





Takaurana e a viajem.


Houve o tempo de estudar. Houve o tempo de meditar. Aprender. Caminhar.


Agora é chegado o tempo de Peregrinar.


Estas palavras do Mestre atingiram em cheio Takaurana. Ele não se sentia pronto para se lançar no caminho ermo, errante, sem destino definido. O Jovem Monge não sabia onde iria parar, nem mesmo se sobreviveria a essa viajem. Seu coração estava pesado, questionamentos fervilhavam na sua mente: "Para onde vou? Que vou comer? Que vou vestir?"


Pairava na sua alma, uma Sombra.


Talvez a mais fugaz das Sombras; A Dúvida. Esta mancha na psique humana, é a "devoradora de homens", é a limitadora, a usurpadora. É o Dragão de Ébano pronto para devorar o incauto, acabar com suas lições, suas conquistas. Era o enganador primal, este que servia-se do coração de Takaurana, nesse momento.


Lágrimas inevitáveis caiam do rosto jovem do Monge. Já sentia saudade do Mestre, já idoso, do Templo, dos seus deveres, do seu quarto. Já sentia-se faminto, mesmo estando sem fome.


- Meu Filho... Não se assombre. Você Está pronto...

- Mas Mestre, e se eu não conseguir? Tiver Medo? Ficar doente?


O Mestre, com seu terno e eterno modo de ensinar, lembrou Takaurana de sua condição:


- Lembre-se do Jasmim...

- Aquele que o senhor me deu?

- Sim, este mesmo. Era uma bela flor, ótimo aroma, e foi bem cuidado. Mas mesmo assim, ele terminou sua jornada...


Takaurana tremeu. Entendeu o quê o Mestre queria dizer... Sua hora estava chegando...


- Vejo que entendeu, meu filho. Preciso que você continue suas lições. A senda precisa sempre ser buscada, ser acolhida na sua alma. Eu não vou durar muito mais, minha jornada está no fim. Preciso que você busque a Montanha Sagrada, para que sua iniciação aconteça. Para isso, você deve passar no teste final... A Jornada do Monge.


Mesmo quando a casa se afasta,

mesmo quando a Sombra lhe faz companhia,

o Monge deve se manter, se lembrar,

que nada neste mundo é eternamente igual,

se muda, transforma,

entra noutro caminho.

Peregrina.

Assim, o Monge deve sempre Peregrinar,

para se lembrar desta condição,

e também ensinar seu pés,

que mesmo descansando,

eles devem caminhar, peregrinar,

em busca da sua Montanha Sagrada,

sua Eterna Morada,

que é a si mesmo.

A Casa e o Templo do Monge é o seu Coração.

Esta é a Sabedoria da Jornada.


Limpando as lágrimas que agora rolavam sem parar, Takaurana abraçou seu eterno companheiro, e com um beijo na altura da testa, abençoou seu Mestre. Agora ele entendia o valor da sua Peregrinação. Ele não passaria fome, nem medo, nem teria dúvida. O Mestre poderia não estar ali, em carne, mas estaria ali sempre, em espírito.


Sem a Sombra da Dúvida, Takaurana pegou seu Cajado e seu Jarro, seus únicos pertences agora, olhou para o Mestre mais uma vez e se despediu.


Talvez para sempre, mas com certeza, para nunca mais perdê-lo.


Com Carinho Compartilho.


Anjo Guardião Branco.

terça-feira, 2 de março de 2010

Poema: Adeus, meu companheiro





Adeus, meu companheiro


Oh, querido companheiro,
dedicado em tuas artes marciais,
sismado com a vida, tua conduta perene,
mesmo neste momento caótico,
manteve tua honra.


Eis que me saúdo ao ver-te lutar,
vi-te bater com terríveis monstros,
vi lutar contra a penúria,
vi enfrentar tua dedicação,
a Fraca Regra dos Cavaleiros de Solamnia.


Eis que sinto tua morte,
como fosse a minha própria,
pois uma parte de mim foi contigo,
talvez minha coragem, talvez minha força...


Ah, que maquiavélica és a ganancia,
esta fez dois antigos companheiros lutarem,
em lados opostos, diabretes planos,
um para dominar,
outro para defender,
o que não mais existia...


Ah, que desgraça...


Que falta sinto da tua presença,
que falta fará aos Companheiros,
tua queda será um golpe,
ao sentimento da família,
a família qual me uni,
os Companheiros da Lança.


Tu lutaste até o fim, ó nobre guerreiro,
fez da tua crença, tua força,
fez da tua vida, um exemplo,
do teu símbolo, algo perene,
mesmo quando teus irmãos
lhes deram as costas...


Ah, grande Sturm,
Sagrado Cavaleiro de Solamnia,
descansa a ti, descansa,
pois tua missão estás cumprida,
salvaste a mim, a teus irmãos,
e eu, Laurana, lhe sou grata...


Grata pela tua Bravura,
grata pela tua presença,
grata pela tua Honra,
qual nos salvou e ensinou,
à continuar a contenda,
salvar o mundo de Krynn,
e encontrar os verdadeiros Deuses.


Grata, grande irmão.


Vá-te em Paz.


Possíveis palavras de Laurana, quando encontra Sturm morto pela lança de Kitiara. Este poema foi baseado numa passagem do livro “Dragões da noite de Inverno” da Saga Dragonlance, escrito por Margaret Weis e Tracy Hickman. Foi neste drama, a Queda de Sturm, qual me inspirei para conceber este poema. Seria necessário conhecer tal passagem para conhecimento total.

Com Carinho Compartilho;


Anjo Guardião Branco.