sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Sabedoria das Estrelas


Takaurana e as Estrelas



Já Havia passado alguns meses desde que o Jovem Monge Takaurana havia partido do Templo. Neste período, já havia feito amizade com a Natureza, com os animais, com as plantas. Já sabia tudo que deveria para viver em Paz com os Vales. Já sentia-se em casa no ermo. Seus únicos pertences eram o Jarro, o Cajado e suas roupas, mais nada físico. Em contrapartida, muito havia acumulado em lições, e sua alma se alegrava a cada amanhecer. Takaurana vivia em Paz Plena. Mas ainda não havia avistado a Montanha Sagrada. Nem mesmo uma pista sequer...

Num belo dia, realizando sua jornada como vinha fazendo, o jovem monge se encontrou numa situação difícil, havia chegado num vale onde uma Guerra se desenrolava. Dois Exércitos, de milhares e milhares de homens em cada lado, preparava-se para mais um dia de Batalha. Cada Armada se localizava em pequenas colinas, e no vale que ficava ao meio, já era possível ver muitos corpos abatidos, assim como cavalos mortos, carros de batalhas destruídos e armas partidas. Era uma cena Terrível para um monge, tantas vidas ceifadas, tantas oportunidades perdidas... a Alma do monge se padecia daquela situação.

Eis que caminhando no local, um Soldado observou o monge, e indo na direção dele, pediu por socorro. Takaurana viu um homem magro, muito ferido e doente. Parecia ser jovem, mas sua expressão era de tamanho cansaço, que o homem parecia ter mais de cinquenta anos. Ao atender o Soldado, o jovem monge recebeu o pedido deste; Solicitava cura e cuidado para ele e seus irmãos, assim como uma orientação espiritual. Seguindo o princípio da Compaixão, Takaurana se pôs ao serviço.

A situação era terrível, muitos homens feridos, alguns com doenças já avançadas e alguns quase loucos, devido ao terror que se expuseram. Takaurana parecia ser o único monge nesta localidade, e mesmo sabendo que o trabalho seria colossal, começou a cuidar dos soldados.

O dia foi muito longo. O jovem monge cuidou de mais de cem homens, pois parecia que não se cansava, e que um ânimo muito belo ascendia seu coração, que o firmava em pleno trabalho. A cura que Takaurana aplicava era baseada em ervas que ele aprendeu nas suas jornadas, ervas quais os soldados nem haviam ouvido falar, e também com uma técnica muito diferente. Ao final do dia, a pedido de um oficial, o jovem monge fez uma breve oração, seguida de ensinamentos sobre desapego e ascensão. Ensinou aos soldados que, mesmo na guerra, é possível encontrar a Paz, desde que se possa acreditar fielmente nela. Depois do discurso, o oficial disse a Takaurana que ele poderia partir, mas que não aconselhava continuar o Vale, pois mais uma Batalha se desenrolaria à noite.

Takaurana foi descansar. Deitou ao relento, sem fogueira, e pôs-se a pensar um pouco. Sentia que deveria continuar o Vale, sabia que deveria passar quase exatamente onde a batalha aconteceria. Isso lhe causava medo. E se fosse atingido? Morreria antes de cumprir sua promessa para com o Mestre? Neste instante, o jovem monge observou as Estrelas. Pode notar quão grande é o Universo, quão colossal é a beleza das estrelas, e quantas formas e sentidos ali haviam... Uma inspiração tocou o monge, ele pode notar que uma Sabedoria ali havia. No mesmo instante, pôs-se a andar. Estava tocado por uma grande energia, um ânimo que ele impelia a andar num ritmo constante, quase uniforme, de um caminhar leve, porém firme e determinado. Quando pode notar, já estava no limiar do campo de Batalha.

O Jovem monge não pode perceber bem o quê aconteceu, entrou um estado meditativo mesmo andando, e apenas podia ouvir, ao longe, o barulho de espadas cruzando, flechas zunindo, pessoas gritando de dor. Como se num sonho, Takaurana percebia-se intocável, invencível, inatingível. Seu coração esta todo tomado por uma Certeza de que tudo terminaria bem, e nada de Mal lhe aconteceria.

Quando voltou a si, já havia amanhecido, e o jovem monge se encontrava em posição de lótus, sobre um rochedo liso, com seus pertences ao lado. O único sinal da Batalha que podia ver, era uma fina fumaça que se erguia vale abaixo, muito distante de onde se encontrava, sinal de que a luta foi feroz.

Levantando-se da rocha, pode ver que estava próximo a um caminho que levava ao encontro das Montanhas, unindo o Vale a uma cadeia de Montanha. Apenas quando pode perceber que este era seu caminho, e o sentimento de que tudo passou, e que pode sentir tudo isso no seu coração, é que conseguiu recordar da Sabedoria da Estrelas, ditada durante a noite:



“Saibam que somos as guias mais antigas da Humanidade.

Saibam, que somos seus desejos mais queridos, e seus sonhos mais puros.

Saibam, que somos quem lhes observam durante a noite,

assim como aquelas que os guardam durante os Pesadelos.

Somos suas guardiãs mais queridas, companheiras nas horas de meditação,

suas amigas nas horas de desespero,

e também nas horas em que a dúvida do caminho paira em vossa mente.

Somos as guardiãs da noite,

somos suas anjas da guarda,

somos suas servas, amigas e confidentes,

Somos as Estrelas.

Sábio é aquele que pode nos notar

e pedir por nossa Guarda,

qual atenderemos instantâneamente.

Esta é a Sabedoria das Estrelas.”

Com Carinho Compartilho,

Anjo Guardião Branco.

2 comentários:

E.I.R. disse...

Belíssimo conto meu Irmão,

Me lembrei de uma noite de muita angústia, quando me deitei sob as estrelas e recebi um grande presente de cura.

Grande abraço e obrigado por compartilhar.

Luz sempre!

Anjo Guardião Branco disse...

Que bom que gostou irmão. Grato pelo seu comentário.

Luz Sempre.